Olá, corajosa!
Sabe quando você quer muito algo – desde criança, aliás – e aí, quando você consegue, não deixa ninguém encostar nesse algo, mesmo que para isso ache que precisa usar palavras e ter atitudes que muitas classificariam de “grosseiras”? (Depois de ler essa carta, você me responde essa pergunta por email? Vou gostar da sua companhia neste tema.)
Eu era assim em relação ao “meu espaço”, ao “meu tempo”. Sendo a mais nova de 5 filhos, não era fácil ter um tempo e espaço só para mim: sempre havia algum “invasor”. Então, essa coisa, “ter um tempo-espaço” só meu se tornou um tesouro muito precioso e desejado, do qual, ao conquistar autonomia na juventude, nunca mais quis abrir mão. Principalmente depois que me tornei mãe: se eu combinava com meu companheiro que terças de manhã eram feitas para mim, para eu fazer o que quisesse sem as crianças, nenhuma mudança de planos era bem-vinda. Pois é.
Então, durante muito tempo em minha fase adulta, eu acreditei ser uma pessoa assertiva, que sabia o que queria, sabia dizer “não” quando necessário, sabia colocar limites e expressar minha opinião sem medo. Porque, afinal, aprendi, na marra, a defender “o meu”. Mas eu estava enganada: o que pensava ser assertividade, beirava à agressividade – e, algumas vezes, atravessava este limite.
Foi um longo trabalho interno até lapidar minha tendência ao autoritarismo (atire a primeira pedra quem nunca) e a me abrir para enxergar os outros como possíveis aliados – e não como inimigos invasores a serem combatidos.
Abrir janelas nos muros que levantei ao meu redor ao longo dos anos exigiu uma mudança bem significativa na maneira de me relacionar com as pessoas, sobretudo em situações de opiniões conflitantes. Precisei entender que numa conversa saudável entre duas pessoas adultas, se uma ganha e outra perde, todas perdem. Porque a relação enfraquece. Demorei mais de trinta anos para ter contato com esse tal jogo de ganha-ganha. Aí, aquela música dos Tribalistas fez todo sentido pra mim.
Expressar o que você quer e precisa é importante. Mas tão importante quanto isso, é enxergar o outro como ser humano, seja a criança, o companheiro ou a ilustre desconhecida na fila do caixa que acha que pode pegar na mão do bebê.
Não precisamos ser agressivas para ser ouvidas. Precisamos aprender a falar com assertividade. E o que é isso? É o caminho do meio entre a passividade e a agressividade, quando você se posiciona assumindo o que você quer e o que você precisa, mas sem agredir o outro.
Você não ataca nem se submete, entendeu? E isso é uma habilidade que pode ser desenvolvida com prática, persistência e apoio. E, uau, como nós, mulheres, sobretudo mães, precisamos desenvolvê-la, sabe? Não por acaso é tema de muitas sessões de mentoria que eu ofereço.
Mas entenda isso: não existe verdadeira assertividade sem empatia. Para ser assertiva, você expressa, de forma clara, transparente e honesta as próprias necessidades e sentimentos E considera também os sentimentos e necessidades da outra pessoa, numa atitude madura, segura, respeitosa, confiante. A Comunicação Não-Violenta tem me ensinado isso nos últimos 13 anos.
Você pode ser a autora de sua própria história, sem apagar a do outro.
Grife isso no seu coração.
Vírgula Viva
Este bloquinho traz sempre uma sugestão de prática para integrar a inteligência emocional, relacional e intuitiva em sua vida de mulher que é mãe e muito mais. Vírgulas vivas são pausas necessárias para trazer clareza e agir com o coração, práticas pautadas na Comunicação Não-Violenta, na neurociência comportamental e na escrita terapêutica. Pegue seu caderninho e comece a escrever novos capítulos em sua vida.
A vírgula viva desta semana é para te apoiar a desenvolver a assertividade, sem perder a empatia. Pegue seu caderninho e escreva:
Pense em algo que você precisa e quer dizer para alguém (seu companheiro, sua chefe, sua mãe, sua filha) e não está dizendo. Escreva.
O que de pior poderia acontecer se você disser?
O que de melhor poderia acontecer se você disser?
O que você pode fazer para que o melhor cenário aconteça?
DICA DE OURO: escutar a pessoa envolvida pode ajudar a criar o melhor cenário.
Diálogos
Neste bloco, você encontra uma dica de livros, filmes, séries ou documentários que realmente valham o seu precioso tempo de mulher mãe – e que possam expandir nosso diálogo com o tema da news.
Sabe a Greta Gerwig? Sim, sim, a diretora de “Barbie”. Antes de gastar toda a tinta rosa do mundo para criar este sucesso de bilheteria (e elevar a venda da boneca a números impensáveis), Greta fez vários outros filmes (como atriz, roteirista ou diretora). Entre eles, o diálogo desta semana: Adoráveis Mulheres. Amo esse filme. Obra de época (pois é, eu gosto) inspirada em livro, personagens femininas marcantes, com Meryl Streep e Emma Watson (sim, a Hermione, do Harry Potter) e... uma protagonista, Jo March (Saoirse Ronan, indicada ao Oscar pela atuação neste filme), aprendendo a ser assertiva num mundo pouco favorável a mulheres como ela. Greta Gerwig sendo Greta Gerwig.
Uma delícia para um sábado à noite depois que as crias dormirem. Ou para aquele momento só seu, previamente combinado com o pai das crianças, num acordo feito com empatia e assertividade.
“Ah, mas você não vai escrever e dar dicas sobre maternidade”? Você é mãe e muito mais, lembra? Permita-se ir além da maternidade.
Nota de rodapé
A partir desta semana, você receberá a news Escrito à Mãe sempre às quartas-feiras.
Para embalar seus dias até a próxima semana, que tal ouvir (e curtir) a playlist do Clube Escrito à Mãe? Toque aqui para acessar no Spotify. E lembre-se de curtir para tornar mais fácil de encontrá-la sempre que quiser ouvir. Ah! A música dos Tribalistas está lá. Claro.
Muito grata por acompanhar este conteúdo Escrito à Mãe! Se você já está inscrita, apenas convide as amigas para se inscreverem. Se você ainda não está inscrita, inscreva-se no campo abaixo para receber gratuitamente novas postagens e apoiar meu trabalho.